Atualização importante para a Saúde da Mulher – novas diretrizes para o exame de HPV

Exame HPV

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O câncer de colo de útero é o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo, com estimativa de mais de 600 mil novos casos e 342 mil mortes em 2020. Os países de média e baixa renda representaram cerca de 90% da incidência e mortalidade no ano, onde são mais comuns de ocorrer. [1]

O carcinoma pode ser de dois tipos: epidermoide, que apresenta maior incidência (cerca de 90% dos casos) e tem origem no epitélio escamoso e o adenocarcinoma, mais raro e tem origem no epitélio glandular.  

Por ser uma doença de desenvolvimento lento, pode ser evitada através do rastreamento, acompanhamento e tratamento adequados. Para detecção de infecção por HPV duas técnicas moleculares são mais utilizadas, a captura híbrida e a PCR

A PCR tem demonstrado ser mais efetiva no cuidado primário, pois apresenta maior sensibilidade e especificidade e é possível realizar a genotipagem do subtipo. Deste modo, conferindo melhor relação custo-benefício quando comparada a captura híbrida no diagnóstico do HPV.

No artigo “Evolução da técnica de PCR: sua contribuição no diagnóstico da infecção por HPV”, da Revista de Ciências Médicas e Biológicas, sobre as técnicas de genotipagem do HPV tem-se:

  • Hibridização molecular: padrão de análise do genoma do HPV que requer fragmentos de DNA de comprimento total, além de informações como integração viral e subtipagem. É um processo lento e dispendioso e que ainda pode apresentar reação cruzada, diminuindo a acurácia do método.
  • Captura híbrida: reação de amplificação de sinal que associa métodos de hibridização molecular e antígenos monoclonais. Porém, não faz a genotipagem do HPV.
  • PCR: apresenta a vantagem do grande potencial para a detecção de níveis muito baixos de carga viral em células e tecidos e identificação de um grande número de tipos de HPV.

A recomendação é “usar a detecção de DNA do HPV como teste de triagem primário em vez de IVA ou citologia nas abordagens de triagem e tratamento entre a população geral de mulheres e mulheres vivendo com HIV.[1][2]

As novas medidas de rastreamento do câncer do colo de útero, representam importante ação na mitigação da doença.

Em 2019, a American Society for Colposcopy and Cervical Pathology (ASCCP), publicou diretriz atualizada para o rastreamento do câncer do colo de útero e tem como base estudos sobre o teste de PCR genotipagem para HPV, os quais determinam os novos princípios. As mudanças essenciais incluem:

1 – Rastreamento com teste de PCR-HPV primário. Co-teste (PCR-HPV + Citologia) apresenta maior precisão para manejo.

  • Positivo – Realizar citologia reflexa independente do genótipo. 
  • Positivo HPV não tipo 16 e 18 – Realizar citologia reflexa. Se normal, novos testes em 1 ano. Se ≥ ASC-US realizar colposcopia.
  • Positivo HPV 16 e 18 – Realizar Colposcopia.
  • Positivo HPV 16 e 18 sem possibilidade de citologia da mesma amostra – Realizar colposcopia. Coletada para realização de testes adicionais deverá ser realizada durante colposcopia.
  • Negativo – Seguir rastreamento de rotina.

2 – Citologia ASC-US e teste HPV negativo.

  • Triagem de rotina – Seguir diretrizes específicas por idade.

3 – Citologia insatisfatória.

  • Citologia inadequada e resultado de PCR-HPV desconhecido ou negativo – Realizar nova triagem com base na idade em 2 a 4 meses.
  • HPV negativo e citologia inadequada – Repetir, possibilidade de falso negativo. Após 2 testes consecutivos de triagem insatisfatórios encaminhar para colposcopia.

4 – Citologia com ZT ausente.

  • Teste HPV não realizado ou desconhecido – Realizar teste HPV para pacientes com ≥ 30 anos.

5 – Citologia AGC ou AIS.

  • Lesão não confirmada NIC 2+ – Seguir recomendação de acompanhamento em 1 e 2 anos com co-teste.

 6 – Colposcopia e histologia LSIL / NIC 1.

  • Colposcopia com biópsia normal ou LSIL – Realizar co-teste em 1 ano.

7 – Colposcopia e histologia HSIL / NIC 2.

  • Pacientes com ≥ 25 anos – Realizar colposcopia e PCR-HPV a cada 6 meses por até 2 anos. Tratamento recomendado se a NIC 2 progredir ou estacionar por um período de 2 anos.

8 – Discordância: Citologia ASC-H ou HSIL e histologia LSIL(NIC1) ou menos.

  • Citologia HSIL e biópsia LSIL (NIC 1) ou menos – Realizar diagnóstico excisional imediato ou observação com PCR-HPV e colposcopia em 1 e 2 anos. Em caso de observação é importante que a lesão seja menor que NIC 2.
  • Citologia ASC-H e histologia LSIL (NIC1) – Observar em 1 ou 2 anos com PCR-HPV, se amostra endocervical for negativa e colposcopia visualizar JEC e o limite superior da lesão.

9 – Tratamento de HSIL – HPV teste primário ou coteste, preditor mais preciso.

  • Realizar PCR-HPV 6 meses após o procedimento.
  • HPV positivo – Encaminhar para colposcopia com biópsia.
  • Amostra excisional NIC 2+ – Realizar nova excisão ou observação com PCR-HPV em 6 meses.
  • HPV negativo aos 6 meses – Repetir PCR-HPV (primário ou coteste) em 1 ano. Após 3 testes negativos consecutivos, manter acompanhamento com intervalo de 3 anos por, pelo menos, 25 anos, mesmo que ultrapasse os 65 anos de idade.

10 – Adenocarcinoma in situ.

  • Paciente que deseja manter a fertilidade – Realizar vigilância com coteste a cada 6 meses por pelo menos 3 anos, posteriormente anualmente por pelo menos 2 anos ou até que histerectomia possa ser realizada. 

11 – Gestantes.

  • HSIL histológico (NIC 2 ou NIC 3) – Realizar acompanhamento com colposcopia, co-teste a cada 12 ou 24 semanas.

12 – Imunossuprimidas.

  • Pacientes com ≥ 30 anos – Rastrear com PCR-HPV (primário ou coteste) a cada 3 anos.
  • Citologia ≥ ASC-US e HPV positivo – Encaminhar para colposcopia.

13 – Após histerectomia.

  • Lesão induzida por HPV – Realizar 3 testes PCR-HPV no ano, se negativo retornar ao acompanhamento em intervalo de 3 anos por até 25 anos.

Como contribuir para o bem-estar das mulheres brasileiras

Como parte fundamental dos cuidados da Saúde da Mulher, existem alguns exames moleculares que são fundamentais e, sobre eles, nós temos um artigo descritivo completo que você pode conferir aqui.

Como parte do nosso programa de parceria, você terá acesso aos Painéis de HPV – nos quais fazemos a detecção e a genotipagem do vírus, incluindo os tipos 16 e 18 e, ainda, com a mesma amostra conseguimos realizar os exames dos Painéis de Infecções Sexualmente Transmissíveis.

Além do acesso a esses exames, você contará com assistência técnica e científica da nossa equipe; terá prioridade nos novos testes incluídos em nosso portfólio; acesso a materiais exclusivos como e-books e webinars.

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Bibliografia

PERKINS, R.B.; GUIDO, R.S.; CASTLE, P.E.; et al. 2019 ASCCP Risk-Based Management Consensus Guidelines Committee. 2019 ASCCP Risk-Based Management Consensus Guidelines for Abnormal Cervical Cancer Screening Tests and Cancer Precursors. J Low Genit Tract Dis. 2020 Apr;24(2):102-131. doi: 10.1097/LGT.0000000000000525. Erratum in: J Low Genit Tract Dis. 2020 Oct;24(4):427. PMID: 32243307; PMCID: PMC7147428.
MENEZES, F. Resumo das Diretrizes sobre HPV, Draª Flávia Menezes, 2020. Disponível em: https://flaviamenezes.med.br/. Acesso em: 17 de ago. de 2022.

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