Diagnóstico Molecular na luta contra o câncer de mama. Entenda as vantagens para os pacientes e para os médicos.

Diagnóstico molecular câncer de mama

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O diagnóstico de câncer de mama no Brasil leva em média 142,6 dias para ser realizado, mais que o dobro do tempo máximo de 60 dias preconizado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA). Uma demora que pode comprometer o sucesso do tratamento, tornando tardio o que poderia ser um diagnóstico precoce, aumentando os riscos de complicações e óbitos.

Ter acesso a exames mais sensíveis e assertivos pode significar não apenas descobrir a doença mais rapidamente, como também a possibilidade de investigações e tratamentos menos agressivos e com melhor resposta clínica. Nesse sentido, o diagnóstico molecular pode trazer inúmeras vantagens, tanto para as pacientes quanto para os médicos, que podem ter mais clareza sobre as especificidades do câncer que estão tratando e avaliar, com mais informações e segurança, o caminho terapêutico com melhores de chances de benefícios à sua paciente ou mesmo fazer um acompanhamento preventivo em pacientes com variantes genéticas sabidamente conhecidas.

Neste artigo vamos falar sobre quando o exame molecular é indicado e em que situações podem favorecer o acompanhamento e a decisão terapêutica, seja diante da doença já estabelecida ou das rotinas de acompanhamento de pacientes que apresentam risco elevado para a doença.

Quais as vantagens dos exames moleculares para o diagnóstico de câncer de mama?

Os tumores têm diversas origens: fatores ambientais como tabagismo, dieta inadequada, desequilíbrios hormonais, obesidade, como também predisposição genética. 

De 3 a 10% dos casos de cânceres de mama estão associados a mutações germinativas/hereditárias, sendo os mais prevalentes os genes BRCA1 e BRCA2, principalmente em mulheres com menos de 40 anos. 

Pessoas que herdam uma variante genética patogênica nestes genes têm maior probabilidade de ter câncer de mama. Mutações nesses genes também estão associadas ao câncer de próstata agressivo, de pâncreas, ovário e ao melanoma. 

Outras mutações prevalentes que causam predisposições a neoplasias estão presentes nos genes PALB2, ARD1, RAD51C, RAD51D, ATM e CHEK2. Também é frequente o aparecimento de neoplasias de mamas (mas não restrito) alterações nos genes sentinelas como TP53.

A identificação da mutação associada à doença, como comentado anteriormente, é importante para a adoção de medidas preventivas, estratégias de vigilância, direcionamento das escolhas terapêuticas do paciente e redução de risco de câncer. 

Os benefícios do teste podem se estender a outros membros da família, por meio de um aconselhamento genético preciso e ainda pela identificação precoce de familiares em risco aumentado para desenvolver câncer, através do rastreamento da mutação germinativa.

Além disso, com a identificação de mutações germinativas, podemos também avaliar os marcadores genéticos de cada tumor (somático), mesmo dos tumores não hereditários. 

Conhecer as características moleculares dos tumores pode ajudar a responder questões importantes na definição do plano terapêutico, como prognóstico e expectativa de recidiva tumoral.  

A ciência tem mostrado cada vez mais a importância de um tratamento focado nas características individuais e genéticas do paciente e do tumor, aumentando a probabilidade de sucesso e reduzindo efeitos colaterais com terapias de amplo espectro.

Contudo os altos custos dos testes de marcadores genéticos dos tumores (somáticos) ainda impedem a larga utilização. Já os painéis moleculares para predisposição hereditária ao câncer podem ser cobertos por planos de saúde, desde que sejam preenchidos os critérios estabelecidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

No Base Científica, os painéis de investigação de câncer de mama e ovário genéticos utilizam a tecnologia de Sequenciamento de Nova Geração (NGS). O NGS deixou os exames mais acessíveis, com menor custo e mais ágeis, já que ao invés de decodificar todo o DNA da paciente é possível analisar uma quantidade menor de genes. 

Além dos testes para identificar as mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, mais relacionados ao desenvolvimento de câncer de mama de causa hereditária, o painel básico analisa outros 35 genes. No painel expandido, são verificados 45 genes. Também podem ser feitas outras combinações de painéis de genes ou mesmo genes isolados.

Os exames moleculares para diagnóstico de câncer de mama podem beneficiar quais pacientes?

Os exames moleculares são indicados para aconselhamento genético e investigação da síndrome do câncer hereditário em pacientes que têm histórico pessoal de câncer de mama antes de 45 anos e/ou histórico de câncer de mama. 

Pacientes com câncer de mama bilateral ou câncer de mama triplo negativo, caracterizado pela ausência de expressão de receptores de estrogênio, progesterona e HER2, apresentam maior possibilidade de hereditariedade da doença, também podendo se beneficiar dos testes genéticos para esclarecimento e definição do tratamento.

O câncer de mama triplo negativo é muito freqüente na população latina, sendo um subtipo de difícil detecção e tratamento. Os testes genéticos têm auxiliado os pesquisadores a compreenderem melhor suas formas heterogêneas de apresentação e variada fenotipagem, permitindo a avaliação de melhores alternativas quimioterápicas. 

Os exames moleculares para diagnóstico de câncer de mama também são indicados quando a paciente assintomática possui em sua família, especialmente em parentes de primeiro grau (mãe, filha, irmã), vários casos de câncer de mama ou histórico familiar de câncer de ovário, pâncreas ou próstata avançado em qualquer idade.

Devido ao fato de o câncer de mama em homens ser extremamente raro — apenas um 1% dos casos ocorre na população masculina —, ter um parente com esse diagnóstico, também é indicação para a investigação de mutações genéticas.

Quando a paciente tem um ou mais desses critérios elegíveis para a investigação molecular, a recomendação é que os exames para identificação de câncer hereditário sejam feitos primeiro em quem já tem o diagnóstico da doença. Dessa forma, o rastreamento em familiares pode ser mais específico, analisando os genes onde foram encontradas as mutações em quem desenvolveu a doença ou somente a variante genética patogênica ou possivelmente patogênica.

Pacientes assintomáticas com familiares positivos para mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 devem ser aconselhadas a realizar os testes moleculares, para melhor definição da necessidade ou não de reduzir o intervalo entre as consultas de rotina e exames de rastreamento.

Os exames moleculares para diagnóstico de câncer de mama são acessíveis?

Os exames moleculares têm se tornado cada vez mais acessíveis, já estando incluídos no rol de procedimentos cobertos pelos planos de saúde.

Outra mudança na legislação que possibilitou maior acessibilidade a esse método diagnóstico foi a Resolução Normativa n° 465/21 da ANS que expandiu a autorização para solicitação de testes genéticos, antes restrita aos geneticistas, aos médicos neurologistas, oncologistas clínicos e hematologistas. Com isso, o diagnóstico se torna também mais ágil, já que, em geral, as pacientes com indicação para a realização dos testes encontram grande dificuldade de agenda com os médicos geneticistas, devido ao baixo número de profissionais especializados nesta área. 

É, ainda, uma medida que garante maior autonomia aos profissionais que cuidam dessas pacientes de solicitarem os exames que julgarem necessários para sua investigação diagnóstica e segurança terapêutica.

O câncer de mama responde por 29,7% do total de casos de câncer registrados na população feminina brasileira. As estimativas do INCA para 2022 são de 66.280 novos casos da doença. Ainda que não sejam indicados para todos os perfis, os exames moleculares podem contribuir para um diagnóstico de câncer de mama mais precoce e/ou a possibilidade de um tratamento mais individualizado e assertivo.

Frente a estes dados, valem duas recomendações, não somente aos pacientes, mas para as pessoas que cuidam deles: prevenção e, na ocorrência da doença, tratamento precoce e personalizado. Para ambas as situações, as ferramentas da oncogenética são fundamentais.

Conheça nossos painéis de diagnóstico de câncer hereditário e, se tiver dúvidas, entre em contato conosco! 

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